terça-feira, 12 de novembro de 2013

Série: OSPLUTOSDOPHODER - Antonio Donato


Elo com fiscais investigados derruba secretário de Haddad
Secretário de Governo de São Paulo, Antonio Donato nomeou o auditor investigado Eduardo Horle Barcellos para sua equipe; petista também foi citado em escutas autorizadas pela Justiça para investigar a máfia do ISS
Felipe Frazão

O escândalo dos desvios na cobrança do Imposto Sobre Serviços (ISS) em São Paulo derrubou nesta terça-feira o secretário de Governo da cidade, Antonio Donato, homem forte da gestão Fernando Haddad (PT). Vereador licenciado pelo PT, Donato entregou seu pedido de demissão no início da tarde, que foi aceito pelo prefeito.

O mais cotado para assumir a vaga é o atual secretário de Saúde, José de Filippi Júnior. Ex-prefeito de Diadema (SP) e deputado federal licenciado, Filippi é homem de confiança do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - foi tesoureiro das campanhas de Lula e de Dilma Rousseff.

A decisão de Donato foi comunicada ao prefeito em reunião no gabinete de Haddad com o vereador Paulo Fiorilo (PT), o presidente nacional do PT, Rui Falcão, e o ex-prefeito de Osasco, Emídio de Souza, que vai comandar o PT estadual.

Nesta terça-feira, Haddad mais uma vez começou o dia dando explicações sobre as ligações de seus secretários com a quadrilha suspeita de desviar 500 milhões de reais dos cofres da cidade. Reportagem do jornal Folha de S.Paulo mostrou nesta terça que o auditor investigado Eduardo Horle Barcellos trabalhou três meses na equipe de Donato. Barcellos foi um dos fiscais presos na investigação da Controladoria Geral do Município e do Ministério Público Estadual. O nome de Donato também apareceu em escutas autorizadas pela Justiça como suposto beneficiário de 200 000 do esquema de propina para sua campanha a vereador em 2008, o que ele nega. Integrantes do governo municipal pressionaram para que ele deixasse logo o cargo para minimizar o desgaste de Haddad.

Desde a semana passada, cresceu no PT e na cúpula da administração municipal a avaliação que o escândalo respingou na própria gestão. Além disso, tanto Lula quanto a presidente Dilma Rousseff temem que o desgaste constante do governo Haddad - já chamuscado pelo aumento do IPTU - tenha impacto negativo nas eleições do próximo ano. Hoje, o principal objetivo do PT é justamente tentar desalojar o PSDB do governo estadual e alavancar a candidatura à reeleição de Dilma no maior colégio eleitoral do país.


Em outra reportagem, o jornal O Estado de S. Paulo mostrou um diálogo entre os auditores no qual o auditor Ronilson Rodrigues afirma que vai chamar Donato e Douglas Amato, atual subsecretário de Receita da cidade. O prefeito saiu em socorro de Amato. "Até o momento, essa investigação não o compromete", disse Haddad. Ele afirmou que Amato já foi investigado. "Porque ele era da equipe do Mauro Ricardo [ex-secretário de Finanças], então estava no núcleo duro da Secretaria de Finanças. Como três ou quatro integrantes da equipe do Mauro Ricardo estavam envolvidos, foi feita essa apuração preliminar."

O prefeito afirmou, no entanto, que o controlador da cidade, Mário Spinelli, tem "carta branca" para investigar qualquer servidor do Executivo. "Se ele amanhã entender que precisa abrir uma frente de investigação, pode ser sobre alguém da administração anterior, alguém dessa, de dez anos atrás, não importa".

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